A quarta e última família a ser contemplada neste estudo histórico-genealógico é a família Werner; é a família de procedência da avó materna de minha mãe, Alice Werner Heckert (1887-1922). Antes de se casar, poderia ter portado o sobrenome “Dias”, ou mesmo o sobrenome “Silveira” – ambos de sua mãe.

      “Werner” é forma germânica do mesmo sobrenome “Warner”, predominante no contexto anglo-saxão. Contudo, a onomástica majoritária aponta uma origem germânica medieval para este antroponímico, que significa “guerreiro”, “guarda”, “arauto sentinela”[1]. Via de regra, traz o significado composto de “guerreiro defensor”. Como sobrenome de família, desponta no período medieval, na região da Baixa Saxônia, Alemanha; a principal cidade da Baixa Saxônia é Hamburgo, relembrada pela cidade gaúcha Novo Hamburgo. O dicionário de sobrenomes judaico-alemães, escrito em alemão e em inglês, inclui também este sobrenome como de origem judaica, à semelhança de “Heckert”[2].

      Abro aqui um parêntesis e registro mais uma ‘coincidência’ divina na história pregressa da minha mãe: depois de pesquisar as origens dos quatro veios em que se insere, a saber, Horta Barbosa, Nora, Heckert e, agora, Werner, constato o que há anos eu suspeitava – que o sangue judeu da Diáspora a todos quatro percorre.

      Alice Werner foi a primeira filha do casal Antônio Basílio Werner e Magdalena da Silveira Werner, os quais se uniram em 06 de fevereiro de 1886; antes de se casar, Magdalena era “Magdalena da Silveira Dias”.  Antonio Basílio era natural de Nova Friburgo, no então distrito de Bom Jardim, nascido a 28 de janeiro de 1857. Seguiu carreira militar e se tornou capitão do exército brasileiro. Por volta dos 60 anos de idade, já aparece como produtor rural em São José do Ribeirão.

      Antônio Basílio era filho de Johann Alexander (João Alexandre) Werner (1823-1900), que era casado com Maria Clara Tardin (1830-1892). Casou-se em 06 de fevereiro de 1886 em São José do Ribeirão (Nova Friburgo). Já seu pai, Johann Alexander, nasceu em Nova Friburgo em 14 de agosto de 1823, quatro anos após a chegada de seus pais ao Brasil. Os pais deste (avós de Antônio Basílio) eram Johann Werner (1777-1852) e Susanna Catharina Chattelain Werner (1787-1864); ele, de Württenberg, na Alemanha e ela de Corgémont, cantão de Berna, na Suíça, onde se casaram em 1815. Esse casal veio para o Brasil em 1819 no navio de bandeira norte-americana Debby Elisa, com quatro (quase cinco) filhos pequenos. Num apêndice adiante, explicarei como se deu a oportunidade da vinda dos suíços para o Brasil, sede do então – e recentemente estabelecido – Reino de Portugal, Brasil e Algarve.

      O fato ‘coincidente’ ainda não plenamente esclarecido, de um alemão da região de Württemberg, se haver mudado para a Suíça, vindo a casar-se com uma filha daquelas terras (tudo indica que Susanna era segunda esposa de Johann Alexander), para então fazer parte da leva migratória ao Brasil, também será explorado. Mas, por ora posso adiantar que o pioneiro Johann Werner, avô de Antônio Basílio, era evangélico de origem luterana, e se incluiu entre 190 migrantes protestantes, dentre 2100 que deixaram a Suíça, que fizeram voto na Holanda para constituir, no Brasil de então, a primeira igreja evangélica de confissão reformada calvinista. 

      Magdalena da Silveira Dias – a esposa de Antônio Basílio, neto de Johann Werner –  nasceu em 12 de dezembro de 1867 e faleceu em 9 de maio de 1922. Assim, Magdalena faleceu apenas 5 meses antes de sua filha Alice, que faleceu do parto do filho que também não sobreviveu. Magdalena era filha de Francisco da Silveira Dias (1839-?), natural de Cantagalo, RJ, e de Hygina Antônia Rimes (1834-1914), natural da capital federal do império; o casamento destes se deu em 13 de abril de 1861.

      Assim sendo, da geração do pioneiro Johann Werner (1777, Württenberg, Alemanha – 1852, Brasil) com a suíça Susanna (1787-1864), temos: Anna Werner (1806-?), Bárbara Werner (1808-?), Elisabeth Werner (1813-1819 – morreu durante a viagem),  Johann Werner (1815- 1819 – também morreu durante a viagem)[3], Maria Julia Werner (1819-1889), Susanna Werner (1820-?), Elisabeth Elisa Werner (1821-?), Johann Alexandre Werner (1823-1900, o pai de Antônio Basílio), Wilhelm Friedrich Adolf Werner (1826-?), Louis Friedrich Werner (1826-?), Francisco Werner (1827-?), Luciano Werner (1830-?), Henriquetta Augusta Werner (1832-?), João José Werner (1833-?), Emília Margarida Werner (1835-?). Maria Josefina Werner (1836-?), Luiz Roberto Werner (1838-?): total, 18 filhos, muito provavelmente de dois casamentos. Há grande probabilidade de Johann Werner e Susanna terem perdido um primeiro filho – deles próprios – ainda na Suíça, entre 1816 e 1818.

      Johann Alexander Werner , pai de Antônio Basílio, se casou com Maria Clara Tardin em 1854, em Nova Friburgo; ela era de ascendência suíça, tal como sua mãe, Susanna. Antônio Basílio era o segundo filho, vindo antes Maria Alexandrina Werner (1854-1876); depois, vieram Catharina Francisca Werner (1859-?), Eduardo Werner (1864-1926), Clara Faustina Werner (1866-?), Maria Joaquina Werner (1870- 1934); total, seis filhos.

      Além de Alice Werner, Antônio Basílio e Magdalena tiveram também Hermínia Maria Werner (1889-?), Olegário Ponciano Werner (1892-1987), Anna Werner (1896-?), Davina Werner (1900-1930); total, cinco filhos. ‘Tia’ Hermínia participou do casamento dos pais de minha mãe, em 1926, tendo sido testemunha da noiva, juntamente com o esposo, José Barreto Guimarães.

[1] É só lembrar da palavra inglesa warn, que significa avisar.

[2] Lars Menk, A Dictionary Of German-Jewish Surnames. Avotaynu, Bergenfield, NJ (USA): 2005. 

[3] Até aqui, todos de Württenberg, Alemanha; provavelmente, de um primeiro casamento de Johann Alexander.

“Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Romanos 11:33-36, ARA)

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