A primeira síntese referente aos rabiscos que se seguem foi teor de uma pequena preleção que apresentei quando do aniversário de 90 anos de minha mãe, em 2018. Àquela breve preleção, dei o nome de “A Gestão Divina das ‘Coincidências”. Sim, a palavra coincidências não foi grafada, porque era uma preleção; mas todos os ouvintes perceberam as aspas em gestos encenados com os dedos, para o que conclamei a atenção de todos. E, por quê? Simplesmente porque, para Deus, não há “coincidências”. A revelação que Ele mesmo nos deu de Sua parte, e que está contida no livro cristão que chamamos de Bíblia Sagrada, registra que Deus governa o curso dos acontecimentos sem ser surpreendido em qualquer coincidência imprevista. Isto ocorre posto que Deus é Deus, soberano e todo-poderoso sobre toda a criação. Então, o que poderíamos chamar de “coincidências” no curso da existência de uma vida ou família não é fato casual, mas meios pelos quais Deus, em Seus planos, dirige cada história e a História; tudo concorre para a realização dos Seus desígnios.

      Depois daquele evento em 2018, avancei nas pesquisas históricas e genealógicas em todos os veios da minha ascendência materna: coloquei-me em contato com experientes genealogistas, com ferramentas de buscas genealógicas, efetuei buscas em cartórios de registro civil, investiguei literaturas, afiliei-me a uma associação de relevância nesta esfera, e assim por diante. Não esgotei ainda minhas pesquisas; mas, o que consegui até agora já me permite ir compartilhando com a ‘parentada’, conforme prometido.

      Destarte, o resultado desses empreendimentos começa a aparecer aqui. São, por assim dizer, pelo menos quatro veios, correspondentes às quatro famílias representadas nos avós maternos: a família Horta Barbosa, a família Nora, a família Heckert e a família Werner; ademais, por conta do segundo casamento do meu bisavô materno, incluirá também um pouco da família Gripp. As duas primeiras são relativas ao pai da minha mãe, Francisco Nora Horta Barbosa (1903-1970); melhor dizendo, aos pais dele. As duas seguintes são relativas à mãe da minha mãe, Eunice Werner Heckert – depois de casada Eunice Heckert Barbosa (1906-1948); melhor dizendo, aos pais dela. Para minha mãe, são quatro avós: José Pires Horta Barbosa (1877-1904), Castorina Nora Horta Barbosa (1885-1965), Ernesto José Heckert (1880-1969) e Alice Werner Heckert (1887-1922). Um último veio incluirá os tios e tias de sobrenome Gripp (Grieb, na origem da língua alemã), decorrentes da união com a ‘vó Izabel. Em cada veio, há “coincidências” sob a gestão divina para serem aqui relatadas, e que concorreram para o nascimento e a história de vida da minha mãe. Há arraigadas raízes sefarditas[1] em todos esses veios.

      É claro que o casamento da minha mãe com o meu pai, no ano de 1949, também foi fruto de mais uma das “coincidências divinas”. Por falar nisto, meu pai, per se, foi resultante de “coincidências divinas” em linhas traçadas nos veios de quatro outras famílias: “Simões”, “Mattos”, “Carvalho” e “Monteiro”; também aí há raízes sefarditas. Por exemplo, o patronímico “Simões”: refere-se, no sentido geral, aos descendentes de algum “Simão”; “Simões” são, em última análise, os que pertencem ao coletivo de descendentes de um “Simão” (ou Shimon, no hebraico). No caso dos “Simões” da minha família nordestina, descendem de pelo menos um judeu exilado a partir das perseguições da Inquisição desencadeada na Ibéria, ao final do século XV, chamado Antonio Simões Colaço (1618-1699); ele se refugiou na então colônia africana Angola e, de lá, alguns dos seus filhos vieram para o nordeste brasileiro, de onde se difundiram “Simões” no Brasil (incluindo a ascendência do meu pai). Mas, fica isto para outra história. Nesta primeira série, vou me dedicar a explorar as “coincidências” somente do meu lado materno. E já há muito chão para percorrer nessas estradas! Cada ancestral dessa história de coincidências que for mencionado pela primeira vez poderá ter dilatação de informes em seu próprio capítulo.

      Alguns dados nestes escritos poderão sofrer revisão com o passar do tempo; esta é uma vantagem de edições eletrônicas: a facilidade de se revisar. Tais revisões poderão ocorrer devido a ajustes, devido a acréscimos por lacunas ou omissões, e também devido a correções em decorrência de dados mais apurados e precisos que me chegarem. Para tanto, a ajuda de familiares e de pesquisadores diversos será muito bem vinda.

“O que ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não o encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração os louvores do Senhor , e o seu poder, e as maravilhas que fez” (Salmos 78:3,4, ARA).

 

[1] Sefardita, ou sefaradita é o nome que designa judeus ibéricos da Dispersão. A palavra vem de Sefarad, nome em hebraico transliterado na tradição judaica que identificava a Ibéria (Espanha e Portugal).  A referência a Sefarad, no Antigo Testamento bíblico, está em Obadias 1.20 (profeta também chamado de Abdias). A Espanha abrigava o maior contingente judeu da Segunda Diáspora, à altura do século da descoberta da América. 

6 respostas

  1. Fantástico pastor o seu cuidado e carinho em fazer essa retrospectiva trazendo para o conhecimento dos parentes e amigos a genealogia de d.cecy.
    Sinto me lisonjeada por ter o privilégio de ler sobre a história de sua vida.
    Muito obrigada

  2. Lido o prólogo, aguardo a continuação da Ulisseia, para ver e me alegrar com a direção do roteirista divino na conduçãoda vida dos seus eleitos.

    1. Olá Túlio, das terras de Maricá (RJ)
      Além do Prólogo, já outros 4 ‘capítulos’ postados…
      Vindo por aí “V – Bisavós paternos de minha mãe – Horta Barbosa!”

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